Candidatura a Presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Ciências Médicas
A minha actividade como membro do Conselho Pedagógico reporta-se ao o início da Faculdade de Ciências Médicas, em 1978.
Decorridos 27 anos, creio que a experiência acumulada irá ser uma mais valia para as funções que proponho desempenhar.
Como é sabido de todos, o meu perfil de universitário orienta-se pelos ideais da Universidade, pelo respeito aos valores da Faculdade de Ciências Médicas, seu desenvolvimento e consolidação.
Porquê esta candidatura?
Porque, é preciso Mudar.
Porque, é preciso Crescer.
Porque, é preciso Inovar.
Porque, é preciso Assumir.
Porque, é preciso Propor.
1) Porque, é preciso Mudar.
A determinação em apresentar e executar sucessivos planos de estudos para o curso de Medicina na FCM, demonstra a actividade criadora dos seus docentes sempre insatisfeitos, na procura do melhor percurso pedagógico para os seus alunos.
O Conselho Pedagógico da nossa Faculdade deverá evoluir tornando-se mais actuante em função dos desafios pedagógicos que enfrenta.
Durante este período fizemos inúmeras propostas, que reputamos poder representar uma mais valia para o ensino e formação pedagógica.
a) A reformulação do plano de estudos.
Esta deverá ter início no 1º ano e ser aplicada, de forma ordenada, estruturada e global, aos anos seguintes.
A reformulação do plano de estudos terá de ser executada segundo as orientações propostas pelo Processo de Bolonha, enquanto estas, se podem e devem aplicar à organização, estrutura e filosofia orientadora da FCM.
Esta mudança deverá ser realizada, pelos docentes e discentes, através das comissões pedagógicas de ano, com a participação activa de todos os seus elementos constituintes.
É preciso ter a ponderação, de só propor a execução da alteração do plano de estudos, quando esta, após análise e reflexão dos problemas a equacionar, permitir um reajustamento e integração harmoniosa das várias disciplinas, não se assistindo a um reagrupar de puzzles de cadeiras ou matérias.
b) A inclusão de disciplinas opcionais
É nossa convicção, que o plano de estudos deverá ser constituído por cadeiras de carácter obrigatório e outras de carácter opcional.
As cadeiras de carácter opcional deverão estar distribuídas uniformemente pelos anos do curso de Medicina, devendo integrar matérias, que pela sua relevância e especialização, irão permitir aos alunos começar a orientar-se numa área de especialização futura.
A título de exemplo referimos algumas:
Disciplinas opcionais de carácter técnico e cultural a ser incluídas para o aperfeiçoamento da fluência de línguas estrangeiras (inglês, ….).
Cuidados Paliativos de Saúde, é fundamental, na sociedade actual, a inclusão no curso de medicina, que se pretende actualizado, de matérias como os cuidados paliativos de saúde, que levam a uma maior humanização da medicina do séc. XXI.
Disciplinas opcionais de iniciação à investigação científica a realizarem sob a orientação dos departamentos e serviços do ciclo básico, pré-clínico e clínico.
O Suporte Básico de Vida e o Suporte Avançado de Vida são áreas do conhecimento cuja inclusão já propusemos inúmeras vezes no Conselho Pedagógico.
O Suporte Básico de Vida deverá ser uma matéria, essencialmente prática a incluir nos primeiros anos. Não nos parece aceitável que um aluno de medicina só tenha conhecimento desta matéria nos anos finais do curso estando esta incluída em outras disciplinas.
O Suporte Avançado de Vida deverá ser incluída nos anos finais do curso, pois um pré-licenciado deve ter conhecimento desta matéria de uma forma estruturada e intensiva, que o prepare para a actuação futura.
Deverá ser facultada aos alunos, desde o início do curso, a possibilidade de, se assim o desejarem, frequentar o serviço de urgência nas várias instituições afectas à FCM, sendo tutelados pelos docentes ligados às mesmas. Esta iniciativa representará uma oportunidade se familiarizarem desde logo com o quotidiano da prática clínica fornecendo uma perspectiva real e humanística da medicina.
Estamos conscientes de que estes assuntos não são da área restrita do Conselho Pedagógico, mas deverão ser estudados, estruturados e propostos aos Órgãos competentes da Faculdade para avaliação e eventual aceitação.
2) Porque, é preciso Crescer.
Uma Faculdade existe porque existem Alunos, com as suas expectativas profissionais presentes e futuras.
Os alunos são os nossos interlocutores em todos os momentos de reflexão pedagógica, o seu sucesso, ao longo do percurso académico é o nosso objectivo.
A Faculdade precisa de crescer, em dimensão e em dinamismo e o Conselho Pedagógico tem que estar preparado para os novos desafios que se lhe vão deparar.
É imperioso, face à necessidade de reduzir os anos de ensino de 6 para 5, fazer o diagnóstico conjunto e minucioso das realidades pedagógicas. Os problemas com que se debatem os vários anos e disciplinas, devido aos reajustamentos inevitáveis, criam desconforto e preocupação nos docentes e alunos.
Deverá desenvolver-se o apoio à estrutura prática de ensino no curso de medicina nos Serviços Universitários, nos Centros de Saúde em Lisboa e no Distrito de Beja.
Deverão incrementar-se acções semelhantes em outras regiões limítrofes, dando-lhe o cariz essencialmente prático que deve ter um curso de Medicina actual e projectado para o futuro.
A Faculdade deverá responder às necessidades de implementação de novas licenciaturas na área das Ciências da Saúde.
3) Porque, é preciso Inovar.
a) Sob a égide da Comissão Pedagógica do 1º ano, criámos numa acção conjunta com a Associação de Estudantes da FCM e o departamento de Psicologia Medica, o Programa de Apoio Psico-pedagógico aos Alunos do Primeiro Ano (PAPPA) com início no ano escolar 2004-2005.
As situações de não adaptação ao ambiente escolar, condicionadas pela deslocação dos alunos do meio familiar e social, era por vezes dramática.
A ausência de diagnóstico destas situações impossibilitava a terapêutica adequada.
Foi realizado o diagnóstico por “padrinhos”, alunos mais velhos, que após identificação das situações as reportavam ao grupo de trabalho “Grupo Acompanhador do Projecto (GAP)” procurando-se a solução conveniente.
Os resultados constam do relatório entregue, pelo grupo, ao Conselho Pedagógico.
Face aos resultados obtidos este projecto deverá ser extensivo aos restantes anos do curso, pois alguns dos casos orientados são de alunos do ciclo pré--clínico.
Foi acordado com a direcção da Associação dos Antigos Alunos da FCM, que, se necessário e conveniente, estes alunos serão acompanhados clinicamente pelos seu membros, sem quaisquer custos.
b) As novas tecnologias são um factor de desenvolvimento e inovação às quais temos dedicado muito do nosso esforço.
Nos últimos 5 anos temos trabalhado em estreita colaboração com elementos dos quadros técnicos da Faculdade, sob a orientação da Direcção da FCM, integrando um grupo de trabalho para a implementação da Telemedicina na nossa Faculdade e sua aplicação ao ensino, investigação e comunicações (Intranet, Extranet e Internet). Este projecto engloba todos os departamentos de ensino sediados nos vários hospitais que integram a Faculdade.
O trabalho desenvolvido pelo grupo já começa a dar os seus frutos e a implementação de uma rede estruturada de fibras ópticas em todo o Campo de Santana permite a ligação intradepartamental e interdepartamental.
O que melhor evidencia esta realidade é o acesso à intranet e Internet já existentes.
Estamos neste momento a incrementar a ligação do edifício do Campo de Santana aos vários Serviços Universitários espalhados pelos Hospitais adstritos e protocolados com a FCM.
A rede será aumentada na sua funcionalidade, com os novos postos de acesso, e tornar-se-á extensiva a todos, com postos de consulta para os alunos e docentes em vários pontos da Faculdade.
Este projecto pelo seu alto custo tem passado por várias fases de experimentação e demonstração de que podemos dar testemunho da utilização experimental, através de eventos realizados.
A Comemoração 27º Aniversário Faculdade de Ciências Médicas a 15 de Novembro de 2004 foi transmitida em tempo real da Sala de Actos para o anfiteatro III.
A conferência sobre as “Novas Tecnologias em Medicina” no âmbito do Curso de História da Medicina foi feita em tempo real de várias salas das instalações do Campo Santana para o anfiteatro III.
O Workshop Instrumental Cirúrgico - suturas - realizado em colaboração com a Associação de Estudantes da FCM teve transmissão “em tempo real” do curso prático ministrado e das sessões de microcirurgia, em simultâneo de várias salas do Campo Santana e durante várias horas para os 205 participantes.
Estamos agora na fase de ultimar a estruturação e ligação interactiva de plataformas modulares de captação e recepção de imagem e som, especialmente desenvolvidas para o efeito, por firmas altamente especializadas.
As inovações segundo Thomas Edison têm “1% de imaginação e 99% de transpiração”.
É fácil agora fazer promessas de aplicações, quando já se dispõe da infra-estrutura adequada e tecnicamente evoluída.
4) Porque, é preciso Assumir
a) Assumimos a disponibilidade de participar incondicionalmente na criação e expansão de actividades pedagógicas de outras licenciaturas a nível nacional e internacional, em estreita colaboração com todos os órgãos da FCML.
b) É preciso assumir que o esforço e abnegação, que diariamente encontramos na actividade do nosso corpo docente, deve ser reforçado com as melhores condições para o desempenho das suas funções. O recurso às novas tecnologias em todo o processo de ensino pressupõe a interacção constante entre os ciclos básico, pré-clínico e clínico através de uma comunicação interactiva permanente entre todos os departamentos e serviços universitários que nas várias instituições estão afectos à FCML.
c) É preciso assumir que as novas metodologias pedagógicas, novos calendários de ensino e novos planos de estudos não terão uma eficácia aumentada, se não houver um plano de formação e actualização dos nossos docentes.
d) É preciso assumir que a formação pedagógica do corpo docente é uma prioridade do Conselho Pedagógico que com o Departamento de Educação Médica tem um relacionamento estreito, na criação e desenvolvimento de cursos de formação avançada para os docentes, em estreita colaboração com os departamentos e serviços universitários.
5) Porque é preciso Propor
a) Propomo-nos defender incondicionalmente a excelência na actividade pedagógica, elaborando propostas que visem a obtenção dessa excelência sempre em estreita colaboração com todo o corpo docente e discente.
b) Estaremos totalmente disponíveis, sempre que solicitado, para acompanhar as Comissões Pedagógicas de Ano na procura conjunta de soluções para problemas prementes ou na ajuda na definição de “guide-lines” para a melhoria das condições pedagógicas ou de novas metodologias a implementar.
c) Propomo-nos debater, com o corpo docente e discente, a avaliação conjunta da metodologia de ensino, pois esta é uma das prioridades que merecerá a nossa atenção.
d) Propomo-nos criar -- O Provedor do Aluno - docente eleito pelos alunos, que terá como atribuições ajudar a resolver situações de índole académica e de acção Social que aos alunos dizem respeito, nomeadamente criação de espaços de apoio ao estudo com acesso à intranet para além do horário lectivo e ainda as questões que se relacionam com o bom funcionamento da cantina da Faculdade. O Provedor do Aluno estará em diálogo permanente com o Conselho Pedagógico e Associação de Estudantes, estar receptivo ao contacto de todos os alunos, contribuindo assim para a sua melhor integração na Faculdade.
e) Propomo-nos incrementar a realização de eventos científicos apoiando e colaborando estreitamente com as unidades de ensino e investigação do Conselho Cientifico.
f) Propomo-nos incrementar a realização de eventos pedagógicos e científicos promovidos por alunos da FCM e abertos a outras Faculdades de Medicina.
Nestes, à semelhança do que tem sido realizado nos últimos 5 anos, com a exposição “Corporis Fabrica” os alunos são incentivados à apresentação de trabalhos e posters, que reflectem a sua vivência pedagógica e prática ao longo do ano, baseando-se em casos clínicos e realizando simultaneamente pesquisa bibliográfica actualizada.
Durante estes eventos, foram já atribuídos Prémios para os melhores trabalhos realizados pelos alunos, pós avaliação por júri de âmbito nacional.
Propomos que esta iniciativa, por proposta das Comissões Pedagógica de Ano se estenda a todos os anos do curso através de mini congressos ou mini simposia com o apoio e empenho de todo o Conselho Pedagógico, constituindo aprendizagem e treino da metodologia cientifica e pedagógica e salutar intercâmbio entre as várias Escolas Médicas.
g) Propomo-nos incentivar acções culturais e de voluntariado que possam contribuir para o desenvolvimento e enriquecimento da vertente cultural e humanística fundamental para o aluno.
h) Estaremos incondicionalmente dispostos a avaliar novas sugestões e estabelecer contactos com Instituições Universitárias internacionais. Pretendemos fomentar os intercâmbios de ensino, tal como fizemos durante 5 anos enquanto pioneiros do programa Erasmus, em estreita colaboração com todos os órgãos da FCML.
i) Propomo-nos envidar esforços para que a sociedade civil colabore, em regime de mecenato, na atribuição de prémios aos alunos que revertam para a sua formação, através de bolsas de estudo ou frequência de eventos científicos, ou incentivo ao início de actividades de Investigação.
Tudo faremos, para que o esforço pedagógico que nos será solicitado ao longo destes anos contribua, através do esforço dos nossos alunos e dos nossos docentes, para a Excelência de Ensino e Investigação na Faculdade de Ciências Médicas.
Lisboa, 12 Outubro de 2005
João O’Neill